quarta-feira, 23 de novembro de 2011

sagrados elefantes













Universo cantor, dançarino, plástico artista...
Esse filho teu vos saúda no ventre da princesa
manhã ainda nascente
com seu corpo
feito de flores em formato de borboleta


Um dia pleno, um dia plano,
uma aurora para cada habitante,

um horizonte de águias, muitas girafas,
bilhões de naves iluminadas por vagalumes,
estrelas cadentes sobre vossa pele...

guiadas pelas corujas e os sagrados elefantes


(edu planchêz)

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Volto ao ano de 1960


Volto ao ano de 1960, aos meus avós,
à minha mãe com 18 anos, eu com um ano?

Agora que eles são pretérito mais que perfeito,
agora que que minha tranças adquirem a cor branca,
agora que ainda sou humilhado
por possuir momentaneamente poucos recursos materiais


Uma fotografia amarela guarda um momento,
o tempo que existiu, que eu era um crescido bebe,
que minha mãe era uma mulher princesa,
que meu avós paternos eram vigorosos...

Mas a morte, a velha morte os levaram para o reino
da lembrança, para o reino da minha mente


E a terapia da escrita vai desfazendo os nós
dos estranhamentos,

dos sonhos dos que viveram e morreram
para que eu continue,

para que meu filho e os filhos que hão de vir
possuam uma história,
uma lembrança amarela eternizada numa fotografia

(edu planchêz)

sábado, 19 de novembro de 2011

Toda escrita


Toda escrita,
quando feita apartir de algo
que esteja atado ao objeto dos sentidos
nos remete
ao autentico,
ao nobre véu de prata
das luzes do ano novo,

as monções e as corredeiras
oriundas das cicatrizes das pedras montanhas


O poema reconhece em ti a tábua do entendimento
e a extensão dos laços orgânicos
que nos ligam aos outros viventes...

(sem precisar que alguém o escreva)

(edu planchêz)

sexta-feira, 18 de novembro de 2011


Aqui a poesia fala mais alto, se dilacera, ultrapassa a velocidade do beijo

(edu planchêz)

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Eletricidade do desejar Rock



Rabisco um algo
que não sei te dizer
se é para ser rabiscado,

os borrões
de algo rabiscado produzem nas nuvens
da farta janela
o sentimento de colar minha boca na tua
e ir muito além dessa boca e buscar teus Egitos e todas as suas pirâmides,
o rubro mar e os frutos exóticos do Zimbabo

Rabisco-te dos pés a cabeça, da cabeça aos pés...
e continuo te rabiscando e sendo por ti rabiscado
por vidas e mais vidas,
atado as vozes da clara rua... Mais que eternas são as pontas dos dedos de teus pés... os lisos fios de teus cabelos finíssimos,
as lanternas de laser que acendes,

as labaredas espalhadas sobre a cama,

as metálicas botas que usas-te pelo caminho
da eletricidade do desejar Rock

(edu planchêz)

meu filho é um ser que toca guitarra

Sob a luz do agora distante bairro São Francisco Xavier... pauto esse nascer de dia e essa noite que deixei num balaio feito de tiras de taquara verde... Com festanças da nova primavera, com as faces notórias do dado que ainda gira Eu sou pai...meu filho é um ser que toca guitarra... sou realizado por tê-lo, por ele assim o ser A vida transporta meus aparelhos canções, meus lares polígonos repletos de notas musicais Hoje o bem-te-ví conversa comigo e com a manhã cheio de estrelas de barro (edu planchêz maçã silattian )

terça-feira, 15 de novembro de 2011

uma dama





Escrever o que tem que ser escrito e o que não tem que ser escrito
nas seivas de minha amante árvore
Escrita verde salpicada de branco e marrom
Essa escrita nos leva para os cálices do céu,
aos carvalhos da terra, aos tendões meus

O metal de meu corpo, o metabolismo da água
e o teto do mundo... nos cobre...
abre envelopes carregados de um pó perfumado,
pó de massala, pó de ventre, pó de cabelos amarelos

Sonho com uma borboleta,
sonho uma colher cheia de cerejas

Essa é a noite, esse sou eu, o cara sem face,
o colo que tens para por sua cabeça em chamas

(edu planchêz)

PARA OS QUE ESTIVERAM OU ESTÃO EM OLINDA








Cores quentes é o que preciso nesse azul momento: que seja um ataque de vermelhas rosas e cravos... flores nos chegam pelos fios das antenas do gato que ora desenho com o lápis
que esteve nos clássicos dedos de Dali

E o poema tomara dimensões inesperadas sob a ponta destemida do carvão grafite podendo até desenhar gente com cabeças de planetas em chamas,
animais caminhando lentamente sobre as águas do oceano antártico
para irem conversar com as ofativas linhas de Shala Andirá
que deslisam na sempre sensitiva geleira formada pela oitava estrela
e o Monte Evereste

Cores quentes, cores frias, homeopáticas gotas derramadas aqui e ali...
nas plantas rasteiras crescidas nas pedras do templo som, do sol,
da luminosa mão que se estende sobre nossas cabeças anciãs

E nessa mistura de palavras e paladares abarco a cidade de Olinda
que não me quis( não sabe o que perdeu)

(alguém entenderá):
cadeados, "ele" tentou cravar em minha lingua,
mas o poema chegou antes do que ele,
ao mar e a Marte, e desconhece o matar e o morrer em vida,
a mentira que alguns representam para não ficarem sem o pão pisado

Mas são todos homens pequenos vestidos em armaduras de leão,
pretensos poderosos que mal sustentam seus ovóides óculos
nas antenas do focinho (eles passarão)

(edu planchêz)

domingo, 13 de novembro de 2011

Queria ter feito amor com Elis




















Dei saltos no escuro,
e continuo dando,
só assim encontro o nascedouro das chuvas...


Queria ter feito amor com Elis,

ter tido uns três filhos com ela,

ter bebido com ela todas adegas ,
ter cheirado todas as indecências dela


P
ara mim é Elís no céu e na na terra
do meu coração sexo

diante das ondas das praias
verdejantes
do verão
da nova juventude

( edu planchêz)

domingo, 6 de novembro de 2011

Mulher


Mulher, aqui na madrugada sonhando você, sonhando a tua beleza, o quilate de ser que és. Bem que eu te queria aqui e agora... tanta coisa linda se passa por minha cabeça...vou já dormir imagiando que você está aqui grudada em meu ombro, em minha boca, em meu sexo, em nosso sexo...ser encantado, secreto, luminoso... vou acordar com você aqui entre minhas cochas, sobre os pêlos do meu peito,minha barriga... dentro de mim,dentro de você, com você bem dentro de mim, bem dentro do meu olhar, inteira na minha boca. (edu planchêz)

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

impressos num retrato de fogueira sagrada

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E eu entro no mandala formado de teu corpo e meu corpo
entrando no mandala trazido ( por você) das montanhas
de Cusco com os olhos cheios de mirações urbanas e camprestes

E a voz que ouço agora desce das pedras junto com as chuvas
e os graveto para no centro da sala traçar um desenho suave copia perfeita
do desenho que o primeiro e último habitante
dessa esfera plasma sem precisar pensar

nas cratéras do dourado astro que não ouso chamar de sol

Nada de estranho nas descargas multi-elétricas,
nas chamas arquivadas no chão que pisas,
nos beijos da próxima alegria

No Rio das Ostras os verdes olhos dela saltam,
são perolas verdes, são cristais de arte,
a ventania que há de dourar essa cama
pela a eternidade dos orgamos multiplos,
pelas peles planetas plantas,
pelas nuvens subteraneas de nossos ventres
impressos num retrato fogueira sagrada


(edu planchêz)



segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Eu o que nunca sei o número exato das pontas das estrelas



A memória e as almas de Pitágoras, Platão, Arquimedes, Pascal, Einstein, Galileu e Newton agradecem tudo que Michael Jackson faz nesse agora, nesse monitor televisivo, degustavivo no tempo e fora dele, na vida e na morte, sobre os mais altos raios do sol que não é visto por nenhum olho físico

Eu o que nunca sei o número exato das pontas das estrelas que se cravam em meu peito pela matemática quântica da primeira noite do meu amor e do teu amor, abro a caixa de vidro brindado para que todos os passáros do mundo retornem às florestas e aos jardins, ao brilho sibilante do olhar das crianças

Que corram os dias, as semanas, as décadas, os séculos e os milênios... nunca perderei a coroa de flores de cristal rosa protetora de minha cabeça bonita, coroa essa, tecida por minha mãe ainda menina na brilhante madrugada em que nasci para essa existência argimentada por meu próprio coração e pelo coração do centro harmonioso do logos

Os Maias, os Incas, os Mesopótânios, os habitantes de Ur e de outros lugares, aqui estão nesses dedos rangendo o poema de madeira e ferro sobre as curvaturas desse crânio neanderthal que carrega o cérebro que não é meu nem teu

Poderei numa nave de cera acender aos céus, encontrar Ícaro e Ezequiel, os poderes das nuvens e seus dragões fazedores de vento, as fadas almas de meus ancestrais futuros

(edu planchêz)

CONSTRUTORES DE CABEÇAS





A natureza se vinga, gesta o vento de cem mil pés, arrasta duas mil cidades por segundo
A onda gigante come as pernas e os braços dos continentes
E aquele que apodrece o céu, o mar e a terra
clama inocência

Caixões feitos de dinheiro
cobrem os vastos campos
Minhas lágrimas não irão secar
junto com as nascentes

Tempo de desespero de planetas e homens,
o tiro saiu pela culatra,
nada tem detido a avalanche,
nem deuses, nem internautas

Sou poeta, homem de fé inquebrável,
cavalheiro de infinita esperança
Como Bob Dylan e outros construtores de cabeças
ergo taças de sangue
atirando dardos de coragem
aos que estão perdendo a batalha

O poeta príncipe de metal
acorrenta os cães
dos dentes de estricnina a sua cintura,
arranca do pâncreas das águas o tumor

Ele, o Rei de marfim, sustenta congressos de sóis
nos corredores do intenso
e espalha especiarias orgânicas
dizendo aos seus irmãos que façam o mesmo

Orquídeas imensuráveis precipitam-se
dos furos das pedras e das cavidades vermelhas
alargando pétalas sobre os corpos
das estrelas que esqueceram que são estrelas

(Edu Planchêz)

domingo, 30 de outubro de 2011

mais que nua



(à Celis e Alice Fernandez)










sentado sobre um circulo pousado sobre outros circulos

unidos a outros circulos a se expandirem em projeções infinitas

por circulos nascidos no que sinto,
no que sentes:
radiações celulares de nossos amores,
radiações intra-moleculares
das porcelanas
trazidas pela genese
que gerou Marco Polo
e outros navegantes
dessas placas arquitetônicas em movimento
e em nenhum movimento porque tenho sono


somente a poesia pode tocar nos meandros do alquimia

e tecer com as linhas do mar tenor
a roupa de algas
para usares quando aqui estiveres mais que nua

( edu planchêz)

Jean-Louis Lebris de Kerouac














Jean-Louis Lebris de Kerouac
traz nas estrelas das mãos um livro
de capa espelho
da noite do céu da cidade onde agora estás e estou

E nosso cadilaque vermelho de capota branca

trafega por entre os pés de milho

e chega até a nossa sala de antigamente

Um tapete é feito com as páginas do tal livro

de capa espelho da noite do céu da cidade

para que eu você passemos do inverno para o verão

pisando em poemas transcritos em sanscrito
nos ninhos de nossas peles


Vejamos o que há nas panelas, na cozinha...

Vejamos o que se multiplica sob a sombra
do que pensamos
diante do girassol
colhido entre as locomotivas

por Jean-Louis Lebris de Kerouac e seu amigo lobo


(edu planchêz)

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Ao universo sexual das estrelas submersa









Ao universo sexual das estrelas submersas,

me remeto e te remeto

Essas estrelas seriam moluscos,

carnes crescidas nas coroadas da flor da luz atonal,
harpas de estanho
e magma nos ventos uterinos

da mulher derradeira,
do homem que nunca desiste

(edu planchêz)

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

carnavais baforidos pela benevolencia das estrelas


andei sobre palhas de bananeiras e outras folhagens
contornando séquitos e séquitos de víboras
e caramujos; nuvens de aranhas
e fadas bateram em minha porta no meio do dia,
no meio da madrugada,
durante os festejos e nas entranhas da guerra
(mas ouço o canto do uirapuru de Villa Lobos)

aqui estou, nos veios do mundo,
na caixa que criei para mim mesmo,
no fogão arquitetado pelo meu tempo...

um homem no tempo, um homem sem tempo,
que achava que era mago,
que crava os pés no que é pequeno e no que é grande

eu não sei mesmo nada, piso na terra do sempre,
minhas canções poemas,
às construo,
com batidas imperfeitas

sinto dores em todos os lados
e não sinto dores,
cheguei ao centro das idades
e não cheguei a nenhuma idade,
estou nos carnavais baforidos pela benevolencia das estrelas

(edu planchêz)

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

DIEGO EL KHORI



poeta infernal,
demiurgo e gradiador do novo e do velho aeon,
essa cidade pátria de nelson rodrigues
e cecilia meireles te espera de joelhos

muita cêra de cerebro para queimar,
muitos corações arremeçados nas pedras do que tudo ultrapassa

eu estou aqui na existencia que abrigou Rimbaud e Baudelaire
contemplando as simples montanhas

(edu planchêz)

sábado, 8 de outubro de 2011

domingo, 2 de outubro de 2011

tinta cósmica me cubra, nos cubram


tinta cósmica me cubra, nos cubram,
juro que tento conviver com todos,

mas minha pequenes
ou maior idade
não me oferece tal permissão
juro que tento ser gentil, cortês, educado...
mas chega o momento que preciso radicalizar,

cortar os laços e jogá-los para bem longe


a privacidade de uma pessoa é salutar:

estrelas de dentro de mim mesmo,

quero de volta o silêncio e a solidão,
não me julguem cruel
por não suportar
mas uma pessoa
dividindo comigo o mesmo ar


vou lembra de algumas cenas de Godard

para que esse assunto massante se desvaneça

feito nuvens de borboletas
sobre todos os continentes


eu sou,
somos maiores que todos os assuntos intragáveis

e desumanos que desfilam por nossas casas,

digo, não fecharei as portas do meu lar,
mas terei melhores critérios
da próxima vez que for receber alguém


(edu planchêz)

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Vou ver no mar a aparição de Bontem...


"Ao meio dia. O sol brilha com luz amarela. O amarelo é a cor do meio e da medida. A luz amarela é, portanto, o símbolo da civilização e da arte em seu apogeu, cuja harmonia estão no perfeito equilibrio." (Iching)
Indo ver o mar e o mar indo me ver,
pulo nas camadas do sapato
da maré nossaa irmã,

nos prismas da pirâmide
que está na capa do disco da banda
que para o sempre nos embala

sob as rotações ígneas


E eu vou parte inteira,
pés e mãos, ao ataque,

ao lacre que destrava os diques

e me ponho de joelhos
diante de todos os iluminados

Vou ver no mar a aparição de
Bontem ,
Taishaku ,Atmam Bishamon,
Dai Rokku Ten no Mao,Kishimojin...
detentores dos poderes arte-"milagrosos"

E eu sou filho da falha geográfica que gerou o BEATS

e outros pancadões da alta voltagem

da generosa cor lilás
azul amarela...

Sei com quem falo,
sei que muitos compreendem com perfeição o significado
e a significância desses dizeres,

dessa entrega abissal


Irmãos e irmãos,

nada ou pouco sou diante de vocês


( edu planchêz)

sábado, 24 de setembro de 2011

água do sol


















palavra grudada em palavra
você grudada em mim...
e nesse grude vamos espalhando o polém
de flores equatoriais
nos irmãos e irmãs que estão na Europa,
no sul e no norte, no leste e no oeste
desse continente partícula corpo
de meus ancestrais

ouço o ruído e o apito da embarcação
( que é minha própria existência),
ouço os trotes de meus medos ( superáveis)
caminharem pelos ladrilhos da casa

suponho que meus poemas são bem construídos,
suas vigas e bases possuem os alicerces
alinhavados por meus mestres
e pelas tintas do que fiz e do que faço

venham cores das plantinhas do meu amor
colorir o que é simples, estou triste...
possuo os instrumentos para decantar o líquido sódico
das dores e beber a água do sol

(edu planchêz)

Nelson Mortta terá uma explicação para esse paradigma?



Esse planeta tá passado por uma agúda crise de conservadorismo, se falo a palavra "caralho" ninguém comenta, parece que todos aqui são protestantes, menos o Tavinho Paes, Tico Santa Cruz e Rogerio Skylab que são Sufis fumadores de churutos de hortelã-pimenta e canabris gradativas. Infelizmente tenho que conviver com essa "gentálha", com essa geração repugnante sem alma filhos da Malhação e da puta que pariu o dinheiro, as batatas palhas e as academias anti-poesia, filhos da morte burra, assassinos das estrelas e das flores. Nelson Mortta terá uma explicação para esse paradigma?
(edu planchêz)

CELIS MULHER LINDA

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

janela que tudo sabe


O copo de boca redonda
cabe com sutileza
minha minha mão quadrada,

meus pés do tamanho dos dentes azuis do vento sedento


E eu corro pelos aéreos campos,
pelas curvas ruidosas
que o mar de vagalumes
faz entorno da casa


Os Setembro se desintegram
na cromagem furtiva das plantas,

nos casulos das aves que dormem
voltadas paras as estrelas de pitangas do céu de Vênus

Novamente aquele raio da vida sublime voltou
para nas margaridas
tecer rendados de unicórnios e dragões,
ciganas desejadas pela noite de mim mesmo,

cascavéis de luzes impactantes

Essa é a vida que vejo antes do sol terreno crescer
nos rasgos da janela que tudo sabe


(edu planchêz)

terça-feira, 20 de setembro de 2011

olho no olho, boca na boca



olho no olho, boca na boca,
e não é sonho e é sonho,

é o corpo dela sobre o meu corpo no espaço música


mesmo que não seja,
para mim é verdade,

realidade possível, extrema e quente

(edu planchêz)

esse pedaço de sol me pertence



esse pedaço de sol me pertence,
um antigo Cacique
que andou pelos prados
com uma brasa sobre a unha do polegar esquerdo
o deixou-o sobre o meu vasto peito
num dia de pouca luz

e com o tempo meus guizos foram crescendo,
e os anéis em volta deles também,
seguiu-se o tempo e o tempo trouxe o gelo,
a neve, os filhos da neve,
os navios e os lobos,
as aranhas e os roedores

o pequeno pedaço de sol cá está,
sobre a unha do meu polegar,
se ramificando lentamente por dentro das veias,
das artérias, dos lóbulos da cabeça,
das raízes retorcidas da alma

( edu planchêz)




ciscador de punháis de cêra


Sentado numa cadeira
conto os pontos luminosos...

me faço parede, embarco nas portas abertas da casa
ignoro as roupas
e mesmo o estar sempre nu


é na poesia que destravo o micro macro mundo,
destravo o mundo em que vives,
isso tão verdeiro como é verdade
que a menina Ana é a agente
de tudo que ocorre no filme
Cria Cuervos de Carlos Saura

feiticeiro de quase tudo,
de quase nada ( eu e Ana),
um ciscador de punháis de cêra
sentado à cadeira para uma foto

(edu planchêz)

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

águas saídas de nossas mãos em gestos de reza




As meninas de Aldebarã
me pegam pelos dedos, me arrancam da cova sem luz,
fria escorregadia de tristezas infindáveis

O poeta falhou e acertou ao mirar o alvo,
a cena maior do espectro celeste,
a paisagem pétrea brilhante

As meninas de Aldebarã não medem o tamanho do espelhos,
o número de estrelas lilazes que flutuam nas retinas...
elas simplesmente se banham conforme disse o poeta,
nas águas saídas de nossas mãos em gestos de reza

(edu planchêz)

domingo, 18 de setembro de 2011

se o céu cái caio com o céu


roupas penduradas,
pequeno quarto,

a casa miúda que hoje habito...

soube que Espinoza morava

de favor na residência de um amigo,

William Blake era ajudado por seus amigos

e vendia as xilogravuras
que ele plasmava

para conseguir alguns viveres


eu nada vendo,
espero cair do céu

ou que o céu caia sobre mim


se o céu cai caio com o céu


roupas penduradas,

pequeno quarto,

a casa miúda que hoje habito...

soube que Espinoza morava de favor
na residência de um amigo,
William Blake era ajudado por seus amigos
e vendia as xilogravuras que ele plasmava
para conseguir alguns viveres


(edu planchêz)

o que nunca foi nem será vencido



para não ter que engolir mais uma vez o choro,
desço aos infernos, pelos fossos,

pelas arcadas luzes das aparições,

pelas pontas dos aguilhões do meu próprio bicho


e o que me resta é o choro,
enxurrada coberta de gravetos,
de cascas e sementes,

lembranças e mágoas humanas


meus canais estão todos abertos
para receber das cruesas de vossas mãos
o que nunca
foi nem será vencido

(edu planchêz)

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

"Edu Planchêz, você é um gênio", sou?


Não vou dizer que é o mais importante, mas ainda não tenho meu nome marcado na página dos prefirenciais, aqui no quase anonimato vou costurando o que chamo de arte, obviamente para o vento ler, para nas gavetas do quase nada apodrecerem

"Edu Planchêz, você é um gênio", sou? Gênio devendo luz, com dez reais no bolso... com uma banda maravilhosa, com músicas e poemas magistrais empaleados nas arestas,
nos cantinhos onde não incomodam


Claro
se você me abrir uma porta ganhará um competidor,
um que vai roubar um pouco ou toda a tua fortuna e fama...

mas maior do eu e você é o tempo,
é sol,
é a sombra do que sempre passa

Minha arte é tão importante para essa civilização
qual a arte de Bob Dylan,
será que não percebe?
E diante de tudo que te falo agora,
vai permanecer trancafiando meus caminhos,

me jogando de lado?


Mas eu voz digo que os trovões da minha avassaladora arte

é bilhões de vezes maior que você,
que os teus cadeados,

tuas algemas de estriquinina não passam de pó de ossos

(edu planchêz)

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

esperando os beijos das nuvens rosadas

( Foto: Serjão, Aurino, Fred, Carlos Hamilton e Edu Planchêz)


A Nasa descobriu um planeta que gira em volta de dois sóis,
em volta de dois sóis escrevo uma frase ilegível
em nome do que não precisa ser lido

porque nada quer dizer, os sóis já dizem tudo

Dois sóis e uma frase ilegível perambulam nas linhas da minha visão
Eu perambulo pela pátria dos que andam pelas praças,
dos que movem-se em direção ao passado e ao futuro,
nunca fazem nada porque nada há para se fazer

O não movimento, o total movimento...
a tigela de prata repleta de peixes azuis
permanece sobre a mesa do imperador,

brilhante, límpida...
aos beijos das nuvens rosadas


(edu planchêz)

Uma carroça cheia de poetas carnais





Uma carroça cheia de diabos troteava pisoteando a mata fechada dos ternos cabelos dessa cabeça receptora de imagens
e criações...
mas não eram diabos e sim pássaros comedores de olhos,
abelhas ofativas vindas das profundezas agarradas num cordel de ouro raspado,
nas páginas das revistas,
nos pregos dos possíveis móveis,
na capacidade "astronauta da espécie"

Atabaques se contorcem,
pés marcam sobre os pedaço de terra as palavras
ditas pelos canções do planeta em chamas e em chuvas

Uma carroça cheia de diabos tocando instrumentos de sopro,
aporta pelos bares, nas fedorentas ruas da Lapa...
dentre eles, Manu Chao, Sergio Godinho, Luciano Queiroga,
Glad Azevedo, Sergio Sampaio, Edu Planchêz, Tavinho Paes,
Tico Santa Cruz, Igor Cotrim...


Uma carroça cheia de poetas carnais liderados por Zilete Helô,
Mano Melo, Flávio Nascimento, Chacal, Samaral
e Brasil Barreto...
acompanhou o sonoro cortejo até o cais de gaivotas e latarias...
para numa naus de claves de sóis
embarcarem rumo ao sem rumo ( por música)


(edu planchez)


sexta-feira, 9 de setembro de 2011

E todas as molas que movem o mar, a Terra e os planetas moveram Raimundo Venceslau


"Somos formiguinhas do Universo, com uma função cósmica,
um propósito, uma intenção de vida."


Ele diria que todos somos formigas, cortadeiras,
formigas-de-fogo, formigas-cabeças-de-vidro,
ultra e intra galáticas
caminhando sobre um punhado de palavras

Ele não diria nada e diria tudo e nos chamaria
para vermos aquelas estrelas quase prontas
a borbulharem na frigideira feito pedaços de bife

Também cortaria a cebola com os dentes e com as pontas dos dedos
e faria com que todos os feijões brotassem sobre a mesa
e as cadeiras,
e consequentemente nos brindaria
com uma floresta de trepadeiras


E todos os versos que ele picotou
E todas as molas que movem o mar,
a Terra e os planetas
moveram Raimundo Venceslau,
moveram sua aventura humana,
suas dores e prazeres,
o levaram para o fundo de todos os livros

O artista poeta vive entre o mundo dos homens
e o mundo dos santos,
é um sem lugar, um sem pátria,
o absurdo de todas as famílias (afirma Henri Miller)

Nunca esquecerei que o filho genético que tenho nessa vida,
devo a esse desgarrado, a esse sem lei,
a esse desajustado, que nunca se conformou
com a pequena vida dos que desconhece que são pequenos.

(edu planchêz)


quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Onde toco há algo quente, algo frio


"para que nasça a borboleta, primeiro deve morrer a lagarta."


Onde toco há algo quente, algo frio,
e o que é esse frio, e o que é esse calor?

No corpo uma centopéia,
movo uma de minhas muitas patas e toco você (preparada para bailar)
tingindo o coração de plásticas estrelas
e de estradas


A dor que andou por perto foi comprendida,

coloquei a mão do sentir nas cratéras da lagarta
para desdobrar as asas

(edu planchêz)

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

ouço canções uterinas




















meu pau é uma antena captando sinais,
estações pentelhudas, estações mágicas com som e imagem 3D
de dentro e de fora de você, fêmea de qualquer cor e espécie,
classe e altura

essa antena atada a tua antena, estação à estação, pêlo por pêlo

ouço canções uterinas cruas, ruidos ventrais...

radio escorpião,
transmitindo diretamente de meu pau a corrente vibratória cor lilás
quen combina perfeito com as cores que ora transmite

una teu cio ao meu cio, noticias orgasticas a noticias orgasticas

o melhor programa dessa manha tarde noite
é transmitida gentilmente por minha antena
pau, por tua antena grelo e cia

(edu planchêz)

Estrelas virís


(Foto: Antonin Artaud)


Filósofos são zumbis especulando como deve ser levada a vida,
não passam de paranóico sem graça que perdem a existencia calculando,
rabiscando tratados sobre o nada, pois, nada dizem,
ou simplesmente falam demais

Os que racham as caras cravando as bundas
e as bocas nas espirais do mundo
são em minha ceia benvindos;
mas esse economistas,
didáticos, para-didáticos de pouco ou nada servem...
o que há de melhor nas escolas é a merenda e as merendeiras,
o resto: gaióla, gretas, correntes, presídio,
cadeira elétrica, injeção letal

Qual é tua direção,
qual é a direção, o paradeiro correto?
O véu e grinalda,
os banquetes faraónicos, a mizéia completa...

Contando moedianha,
notas verdes-azuis cor de bosta...
O sol é redondo, o sol é quadrado,
o sol tem a formato do meu pau

Quando a luz acende,
você apaga, quando a porta abre, você fecha
e pega a foice e decepa a cabeça dos pássaros,
com pedras obtusas destrói a lua e as tulipas

Vem mesmo me cobrar as contas pagas,
os pratos limpos,
o cu não cagado...
que pego teu banco de valores e estraçalho
com os versos lança-chamas de Diego El Khouri

Me peça um pedaço da Terra (vai, possou poderes)
que te dou um punhado de ossos de teu próprio esqueleto,
ossos de tua própria falta de memória,
ossos da estupidez dos que te criaram

Cidade Monstro de monstros comedores da anti-visão,
do anti-delírio, do anti-cinema, do anti-amor,
da máquina trituradora de flores e céus azul-pastel

O senhor da desordem que me habita nesse agora,
destelha todas as casa
para que a "noite da grande fogueira desvairada" ensope
tua cama de estrelas virís

(edu planchêz)



quinta-feira, 1 de setembro de 2011

pós guerra pré guerra




desdobro as retinas para a manhã caprichosa
estampar seus jornais de pétalas
que ultrapassam o homem e seu calculado tempo...
estou numa manhã pós guerra pré guerra,
quase na garganta do mar cíclico da baixada de jacarepaguá,
na traqueia do peixe que nunca viu o sol...
e não sou jonas e sou jonas corpo da baleia e do bagre do eterno
onde vive minha mãe

(edu planchêz)


quarta-feira, 31 de agosto de 2011

aqui ainda se come carne crua e se arrasta mulheres pelos cabelos



teias de aranha na buceta, no pau, no cu dessa civilização tv globo bombril...
mais fácil criar gatinhos do que encarar um homem viril

mundinho apodrecido sem alma visceral,
famílias broncas parafusadas nos parafusos da falta de criatividade
da papa bunda e do padre marcelo rossi

ave-maria do caralho, pai-nosso da puta que pariu,
brasizinho do folclore tacanho,
país maria fumaça, planeta idade média,
ou melhor, da era das cavernas,
aqui ainda se come carne crua
e se arrasta mulheres pelos cabelos

(edu planchêz)

terça-feira, 30 de agosto de 2011

nos carvões futuros diamantes




















salto do solo me agarrando no penteado
da última letra do alfabeto,
no primeiro raio imperial,
encontro você e os outros

para no próximo dia, na próxima hora
reger o mover dos passos
direção rabiscos do mundo

cinemas, cidades, salões, pessoas e mais pessoas...

nas asas da Tam,
nas asas da GOL, da Webjet...
corro dentro dos seres
com a poesia música

essa é a imagem
que o calendário Maia de mim mesmo escreve
no céu, no oceano,
nos carvões futuros diamantes

(edu planchêz)

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Oh Antonin Artaud ! Oh Garcia Lorca !



















(Para a atriz Alice Fernandez)


Oh Antonin Artaud!
Oh Garcia Lorca!

Mulher,
eu amo você alucinadamente,
cinematograficamente,
de forma vulcânica,
de forma teatro do absurdo
e da crueldade

quero a margem oeste do rio de tua vagina
repleta de sonhos arrombados e metais moles...
quero derreter meu pau e minha língua
em teu útero tela azul magenta...
te amo e reso por esse amor
abrindo os braços e as pernas
para o céu inferno do novo e do velho

fundir-se é desaparecer, se entranhar,
deixar de ser um e ser todos

quero a margem sudoéste da elevadiça ponte,
você me trás o calor contemporânio das estrelas,
o ronco tremores dos placas tectónicas quando se movem

Ah Garcia Lorca!
Ah Antonin Artaud!

(edu planchêz)


nos saborosos seios dela




A estátua do ídolo troiano paira
entre o estar sonhando e o não estar sonhando
do meu estado de lucidez intocado

Todas as colunas do antigo templo permanecem intactas
sobre os meus eletromagnéticos joelhos,
meu nariz aponta para o céu do vindouro outubro
e os dedos dos meus pés para o que vem

Na maior de todas as taças nadam os filhos e as filhas
do que falo e do que ainda falarei

Minha poesia apanha-te no ar,
nas caldeiras arcadas sobre a cidade,
na cabeleira dos pincéis de Magritte,
nos saborosos seios dela,
nos medalhões deixados pela tarde
sobre as pedras do Aterro do Flamengo

(edu planchêz)


O navio de luz escorre lento
















A Deusa chegou vestida de branco azul,
vermelho, verde, prata e ouro...
abriu os braços sobre o desenho do Cruzeiro do Sul
e tocou meu peito Estrela Sírius

A Deusa sabe,lê tudo que sinto,
traduz cada raio saído do nosso olhar,
nosso beijo cor de salmão,
nossas almas mãos

O navio de luz escorre lento
pela tes de nossas lágrimas,
de nossas águas gerais,
das chuvas que geramos ao pensarmos

(edu planchêz)

sábado, 27 de agosto de 2011

Mulher minha...





Anjo lindo, choro o choro da alta sensibilidade,
vieste de tão longe para olhares a silhueta de meus olhos,
fico de joelhos, deito no chão e agradeço

Vozes do terra, vozes do céu, vozes das vozes:
a minha voz e a dela, o meu corpo e o corpo dela,
a distância que há entre o Rio de Janeiro e Belém do Grão Pará,
a distância que não há entre nós

O milagre do encontro das pontas de nossas estrelas,
assim no vento, na névoa, no calor do sempre verão primavera
de nossos seres belos e talentosos

Vem minha alminha, mulher minha
escrita na minha pele desde muito antes do antes
Se o amor tem cor que cor tem esse encontro ninho de flores,
campo marítimo sob o céu dos peixes e das aves do futuro
e da ancestralidade

Mulher minha...

(edu planchêz)

Chamo o anjo do mar















Levarei as mãos a cabeça
para libertar dos casulos as mariposas...
lenta e veloz é a vida intensa
reinante na árvore meu cavalo corpo
Reúno com a essência em mim fundamentada os planeta
e seu satélites no centro carvão petrificado
das caravanas que trafegam por minhas veias e artérias

Chamo o anjo do mar para comigo subir as escadas da Torre da Vitória

Levarei as mãos a cabeça
para libertar dos casulos as mariposas...
lenta e veloz é a vida intensa
reinante na árvore meu cavalo corpo
Reuno com a essência em mim fundamentada os planeta
e seu satélites no centro carvão petrificado
das caravanas que trafegam por minhas veias e artérias

(edu planchêz)

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

no corpo do cristal rosa que esteve nos lábios de Garcia Lorca




Abro uma porta que dentro tem outra porta
que dentro tem outra porta
que dentro tem outra porta: abro uma porta.
Abro um talho e jogo todas essas portas,
eu sou uma porta e ao mesmo tempo um talho,
um caco de telha, uma telha inteira

Se sou uma casa ou estou numa casa,
é uma questão de semântica,
um teorema que pode ser um filme,
uma novela escrita em tuas próprias mãos

Tenho o montante de todos os alfabetos
traçados pelas vozes dos que aqui estão e aqui estiveram...
em meu corpo...
no corpo do cristal rosa
que esteve nos lábios de Garcia Lorca

(edu planchêz)