quarta-feira, 31 de agosto de 2011

aqui ainda se come carne crua e se arrasta mulheres pelos cabelos



teias de aranha na buceta, no pau, no cu dessa civilização tv globo bombril...
mais fácil criar gatinhos do que encarar um homem viril

mundinho apodrecido sem alma visceral,
famílias broncas parafusadas nos parafusos da falta de criatividade
da papa bunda e do padre marcelo rossi

ave-maria do caralho, pai-nosso da puta que pariu,
brasizinho do folclore tacanho,
país maria fumaça, planeta idade média,
ou melhor, da era das cavernas,
aqui ainda se come carne crua
e se arrasta mulheres pelos cabelos

(edu planchêz)

terça-feira, 30 de agosto de 2011

nos carvões futuros diamantes




















salto do solo me agarrando no penteado
da última letra do alfabeto,
no primeiro raio imperial,
encontro você e os outros

para no próximo dia, na próxima hora
reger o mover dos passos
direção rabiscos do mundo

cinemas, cidades, salões, pessoas e mais pessoas...

nas asas da Tam,
nas asas da GOL, da Webjet...
corro dentro dos seres
com a poesia música

essa é a imagem
que o calendário Maia de mim mesmo escreve
no céu, no oceano,
nos carvões futuros diamantes

(edu planchêz)

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Oh Antonin Artaud ! Oh Garcia Lorca !



















(Para a atriz Alice Fernandez)


Oh Antonin Artaud!
Oh Garcia Lorca!

Mulher,
eu amo você alucinadamente,
cinematograficamente,
de forma vulcânica,
de forma teatro do absurdo
e da crueldade

quero a margem oeste do rio de tua vagina
repleta de sonhos arrombados e metais moles...
quero derreter meu pau e minha língua
em teu útero tela azul magenta...
te amo e reso por esse amor
abrindo os braços e as pernas
para o céu inferno do novo e do velho

fundir-se é desaparecer, se entranhar,
deixar de ser um e ser todos

quero a margem sudoéste da elevadiça ponte,
você me trás o calor contemporânio das estrelas,
o ronco tremores dos placas tectónicas quando se movem

Ah Garcia Lorca!
Ah Antonin Artaud!

(edu planchêz)


nos saborosos seios dela




A estátua do ídolo troiano paira
entre o estar sonhando e o não estar sonhando
do meu estado de lucidez intocado

Todas as colunas do antigo templo permanecem intactas
sobre os meus eletromagnéticos joelhos,
meu nariz aponta para o céu do vindouro outubro
e os dedos dos meus pés para o que vem

Na maior de todas as taças nadam os filhos e as filhas
do que falo e do que ainda falarei

Minha poesia apanha-te no ar,
nas caldeiras arcadas sobre a cidade,
na cabeleira dos pincéis de Magritte,
nos saborosos seios dela,
nos medalhões deixados pela tarde
sobre as pedras do Aterro do Flamengo

(edu planchêz)


O navio de luz escorre lento
















A Deusa chegou vestida de branco azul,
vermelho, verde, prata e ouro...
abriu os braços sobre o desenho do Cruzeiro do Sul
e tocou meu peito Estrela Sírius

A Deusa sabe,lê tudo que sinto,
traduz cada raio saído do nosso olhar,
nosso beijo cor de salmão,
nossas almas mãos

O navio de luz escorre lento
pela tes de nossas lágrimas,
de nossas águas gerais,
das chuvas que geramos ao pensarmos

(edu planchêz)

sábado, 27 de agosto de 2011

Mulher minha...





Anjo lindo, choro o choro da alta sensibilidade,
vieste de tão longe para olhares a silhueta de meus olhos,
fico de joelhos, deito no chão e agradeço

Vozes do terra, vozes do céu, vozes das vozes:
a minha voz e a dela, o meu corpo e o corpo dela,
a distância que há entre o Rio de Janeiro e Belém do Grão Pará,
a distância que não há entre nós

O milagre do encontro das pontas de nossas estrelas,
assim no vento, na névoa, no calor do sempre verão primavera
de nossos seres belos e talentosos

Vem minha alminha, mulher minha
escrita na minha pele desde muito antes do antes
Se o amor tem cor que cor tem esse encontro ninho de flores,
campo marítimo sob o céu dos peixes e das aves do futuro
e da ancestralidade

Mulher minha...

(edu planchêz)

Chamo o anjo do mar















Levarei as mãos a cabeça
para libertar dos casulos as mariposas...
lenta e veloz é a vida intensa
reinante na árvore meu cavalo corpo
Reúno com a essência em mim fundamentada os planeta
e seu satélites no centro carvão petrificado
das caravanas que trafegam por minhas veias e artérias

Chamo o anjo do mar para comigo subir as escadas da Torre da Vitória

Levarei as mãos a cabeça
para libertar dos casulos as mariposas...
lenta e veloz é a vida intensa
reinante na árvore meu cavalo corpo
Reuno com a essência em mim fundamentada os planeta
e seu satélites no centro carvão petrificado
das caravanas que trafegam por minhas veias e artérias

(edu planchêz)

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

no corpo do cristal rosa que esteve nos lábios de Garcia Lorca




Abro uma porta que dentro tem outra porta
que dentro tem outra porta
que dentro tem outra porta: abro uma porta.
Abro um talho e jogo todas essas portas,
eu sou uma porta e ao mesmo tempo um talho,
um caco de telha, uma telha inteira

Se sou uma casa ou estou numa casa,
é uma questão de semântica,
um teorema que pode ser um filme,
uma novela escrita em tuas próprias mãos

Tenho o montante de todos os alfabetos
traçados pelas vozes dos que aqui estão e aqui estiveram...
em meu corpo...
no corpo do cristal rosa
que esteve nos lábios de Garcia Lorca

(edu planchêz)


o sentimento de ser chuva
















Remos espalhados pelas águas da outra dimensão,
a canoa adentrou-se na noite do tempo
levando com ela o uivo de um cão

Nas asas de mil morcegos permaneço
até o espocar da secreta primava
que traz do fundo sutil da neve os floridos bosque

Canta o pássaro sem nome bem dentro da gota,
da lágrima comum a todos,
canta um canto que sinaliza para esse caminhante,
um cendeiro, uma senda, uma clareira,
um fio d'água perdido na areia

Acende-se uma tocha no alto da cabeça do mar de folhas,
agora e sempre posso ver tudo,
as muitas fases da lua,
as manchas dos sóis
que rodeiam o sentimento de ser chuva

(edu planchêz)

terça-feira, 23 de agosto de 2011

ouvido ocultos me observam




São pessoas que ora me ouvem,
ouvido ocultos me observam
É pretensão exarcebada imaginar tal coisa?
Não é pretenção, é prova de amor,
é prova de um algo compreendido
apenas pelos absurdos sentidos

Me chamas para seguir pela trilha que viste num filme,
aceito o convite se vieres livre de todas as vestes,
de todos os julgares e pensares soturnos

(edu planchêz)


domingo, 21 de agosto de 2011

Durante a era glacial passada e futura


Durante a era glacial passada e futura
carreguei, carregarei em minha bolsa marsupial
você e todos os seus,
as muitas pitangas,
os rios e as minas da Amazônia mundial

Durante a era glacial passada e futura,
dormias, dormes a me olhar
e dizes que a tal ventania apinhada de flores madrigais
nos alcançará nos remos da jangada,
nos ramos do capim cheiroso

Elas chegam de Portugal,
do sul...essas princesas,
rainhas integrais arquitetas de bordados exuberantes

( edu planchêz)

pés deliciosos




Descrevo o que vou ver guiado
pelo "azeitado eixo do sol"
e pela plantação de palavras que preguei na lua azul de Kamakura...
pós tantas noites, pós você pendurar nossas roupas,
nossas peles, nossas cabeças e bocas nas cadentes almas
das estrelas que são as pessoas generosas

Você chega trazendo nas cavidades do ventre
a fornalha e a geleira da próxima Era que ora começa
diantes dos Ibíscos
e das Dálias cor de laranja do meu antigo quintal
que agora fica num dos meus neurónios

Andando pelo Leblom na lanterna da última nave
do salto do negro sapato da negra dama,
da negra frase que escrevo nas crinas do mar

Pequenos, eu e você, tu e ele,
as aves que chegam das ilhas Cagarras
via África,Zimbabo e Zâmbia

Vou falar o que não sei com as pontas dos dedos,
com a pele profunda da sola dos meus pés deliciosos

(edu planchêz)

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

rosas rosas













Chegava descalço para encontrá-la nua
exibindo seus planetas rosados,
uma,duas,três esferas lindas,
rodeadas de estrelas e pétalas

Essa canção também não é uma canção de amor,(posso mentir?)
é o amor e todas as suas nuances girassóis,
avencas e mãos que correm o corpo inteiro,
de norte a sul, de leste a oeste
para desamarrar os laços
que impedem nos pequenos e nos grande lábios
a chegada dos beijos,
dos meus e dos teus

Orei tanto para os ventos, que eles verteram-se
para esse lado, para o lado da lenda,
do poema e dos lençóis de seda repletos de perfumes
de rosas vermelhas e rosas brancas
e rosas rosas

O mais feliz dos homens
faz com os grãos uterinos de sua amada
melodias que ultrapassam o centurião azul do cosmo vivo

(edu planchêz)



Rosa Gehlen





‎"Dudu chegava descalço
Fazia da vida o que a gente sonhou
Pintava do nada um barato
Falava umas coisas que a gente não pensou...
...
Como é que pode ser tão criativo
auto-confiante, um cara cortez
Dudu parece comigo, mas bem resolvido com sua nudez
Tirou da cartola uma flor e me presenteou num domingo de sol
É meu amigo querido até sonhou comigo em meio ao girassol

Edu esta cantiga não fala de amor
Mas querido esse som acho que me entregou
Edu esta cantiga não fala de amor
Mas querido, pelo carinho esse som acho que me instigou..."

( Rosa Gehlen )

o desenho





o desenho, o corte do desenho, a pintura, o centro da mulher, a porta da vida...
solto toda a minha sensibilidade e toco em Mário Quintana, em Ana Cristina Cesar, na menor e na maior de todas as mulheres: eu sou o poeta da simplicidade, da úmidade, das águas tuas

(edu planchêz)

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Cabeças de fósforos se agrupam em minhas cabeças





Remo sob a tela do tempo que ora se abre,
novas são as descobertas,
antigas as vielas indefinidas que andei arrastando

Conto e não conto as ondas,
conto estrelas e não conto estrelas
Aqui tudo parece tão simples, exáto e inexáto,
mas não sou isso tudo,
apenas desenvolvo um técnica( ou muitas)
de unir palavras, de mesclar vocábulos,
de arrancar folhas e dissecar raízes

o resenheista de "O Globo" está certo(errado),
somos apenas trezentos altistas revirando as tripas,
as veias e os miolos da inútil poesia

Vivemos mesmo num país "sem olhos",
eu diria, sem "cabeças"

Vamos falar de cabeças?
Cabeças de fósforos se agrupam em minhas cabeças
para em outras cabeças desencadearem um incêndio
de proporções intergaláticas

Que esses gloriosos trezentos leitores,
devoradores de vísceras, se manifestem e rasguem todos os jornais
e retirem a pele de seus próprios rostos com a pele desse poema
que não é poema

(edu planchêz)

sábado, 13 de agosto de 2011

A poesia realmente para nada serve




A poesia realmente para nada serve, é algo inútil, e o poeta, um desvairado que derrama o que o mundo descarta sobre o próprio mundo e sobre ele mesmo, trabalho de idiota, assim ele se condena ao isolamento, ao escarnio, ao repudio coletivo, as chifradas da manada.
Escrevo, bolino palavras porque adoro ser apedrejado, viver sem ser apedrejado é não viver, é ser um merdão barrigudo que diz sim para tudo que o Silvio Santos a Xuxa e outras "trajédias" vomitam.

(edu planchêz)

rosto entrando em rosto






rosto entrando em rosto
para no rosto das sombras dos múltiplos rostos
ganhar um desenho sonoro igual,
maior que a música que ora devoro:
"Clube da Esquina II"!!!!!!!!!!

As luzes que vi pela orla da cidade vinham das caras do mar,
das caras das pessoas, das minhas caras

Ora, a careta que fiz não foi vista por nenhum espelho,
mas você poderá vê-la se adentrar-se cá nas minhas vestes

(edu planchêz)

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Sei que esse assunto vai interessar a poucos



"Os Xamãs eram peritos
na arte de controlar as condições do tempo
mas respeitavam a unidade ecológica.
O feiticeiro só interferia no tempo
após longo período de chuva ou seca."











Sei que esse assunto vai interessar a poucos,
porque poucos estão realmente vivos,
untados ao catavento da grande estelar alma;
mas os pouco que aqui beberem lançarão seus olhares cadentes
na direção do outro para que aconteça o despertar

Se você acha que poesia é matéria para rodas literárias,
está em plano, em planeta errado,
deveria enterrar os pés no céu e a cabeça nas carnes do chão

Vou tentar em palavras me expressar,
mas vos confesso que é tarefa por demais complexa,
porque para me compreender, compreender Artaud e Jorge Luiz Borges,
deverás ingressar num juramento escrito com descargas elétricas
e elementos restritos aos mágicos que estão além do tempo
da vida e da morte, do azar e da sorte

Pense em abri com o sentimento uma porta de fogo terrível
na mais resistente das pedras,
pense em partir vossa cabeça em biliões de pedaços
no fundo abissal dos vulcões marinhos
que estão nesse mundo e em outros

(edu planchêz)

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Maldição deliciosa



Foto: Madame Satã





Arregalo o olho da última coisa que fiz nesse dia
antes de dormir com as tuas centopéias enfurecidas,
antes de arreganhar tuas raízes mais profundas
com o ferro que trago entre as pernas tortas

Maldição deliciosa profetizada
pelos lábios franceses de minha avó paterna
Porra de dia que arremeço dobrões de fogo ultrajante
sobre teus seios arrazados pelas ressacas
das noites e dos dias de cio imperial

Eu sou o lobo cão maldito das trovoadas infernais
do gozo inesquecível,
e sei que me queres porque sou o puto e você é a puta

Madame Satã é o Exú milagroso que nos brinda
com a bebida de chumbo derretida
sob as camadas de cinzas descalibradas do sonho dos sonhos

(edu planchêz)

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

o que as nuvens fazem nos céus de leite





Camomila,salsa-parrilha,palmeira que espeta,
a dança dos primeiros e dos últimos lobos
no miolo da Terra

As ervas dos campos,
as folhas de ouro das caricias futuras

Apenas observo o movimento dos gravetos,
a andanças dos animais noturnos,
o que as nuvens fazem nos céus de leite

(edu planchêz)

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

as dobras da pele, os contornos do olho




Poesia nômade, eu sou um poeta nômade,
carrego o amarrado de estrelas elétromagnéticas
e um punhado de amores nos vãos dos dentes e dos dedos

Corro por esse planeta almirante com botas de negras pedras,
com os cascalhos do que pensamos durante os sonhos de amor,
com as rochas vulcânicas paridas pelo chão da matéria ígnea
de nossos mais nobres sentimentos

Eu vivo para isso, para escrever,
inventar a ordem e a desordem,o gato e o cão,
a aranha e o passáro do breu e do brilho de nossas lágrimas

A fêmea que real comigo isso viver,
ultrapassará os liâmes de de tudo que é orgástico,
as tramóia e as tragédias:
estará alguém nesse evoluir preparado para tal beleza?

Avancemos milímetro por milímetro, palmo à palmo...
o ventre de vidro, o ventre de cera,
as dobras da pele, os contornos do olho

(edu planchêz)

Com esses pés lambedores de pés




A inocência e a beleza da inocência
de mãos dadas,
(unhas brilhantes, dedos serenos, delicadeza...)
debruçadas sobre as encaracoladas águas
da baía de meu coração sempre caribenho,
romano, portenho, português,
anglo-xação, carioca...
coração cavado no caule da árvore tua

Geme, onça carnuda
tocada pela coifa da real palmeira
de todas as minhas infâncias,
Brame, ovelha peluda
bolinada pela coifa da juventude
que bebo sob as pétalas tuas

Ultrapassarei a idade Ezra Poud
com esse corpo bonito, com esses teus seios,
com essa boca devoradora de boca,
com esses pés lambedores de pés

(edu planchêz)

domingo, 7 de agosto de 2011

Pier Paolo Pasolini é o nome que sussurro














Pier Paolo Pasolini é o nome que sussurro
antes do novo dia cuspir suas aves em minha cara,
antes das pessoas que seguem para os seus afazeres
cruzarem os reinoshttp://www.blogger.com/img/blank.gif das ruas
e desejarem bom dia para os que vão encontrando pelo caminho

Harley Campos, é o guerreiro
que trago com todas as lanças para essa cena de vida e morte,
para esse vale de laboriosas palavras
que vão se aparafusando no tampo das cabeças dos que não possuem cabeças

Eu e Harley, erigimos montanhas no meio da sala,
cavamos crateras sob as bordas brilhantes do horizonte para que nossas mães
escorressem pelas paredes do céu de lá
para no céu de cá cantarem connosco as canções que só elas sabem

E não tem tempo, nem morte, nem corpo que nos separe,
nossas convicções serão sempre as mesmas...
nem mesmo os estilhaços da explosão que um dia levará todos
será capaz de impedir que as labaredas do sol se atraquem
em nossos peitos nada mais que humanos

(edu planchêz)

sábado, 6 de agosto de 2011

É injusto manter o Poeta Edu Planchêz e sua banda Blake Rimbaud no ostracismo





Se já escrevi tanto, se cantei tanto...por que continuo a escrever e cantar?
Se eu fosse um poeta francês, nas certa seria celebridade mundial,
mas como nasci e moro no Brasil-quase-Índia
amargo por muitas vezes o dissabor de não ter como pagar as contas

Não consigo compreende o porque da minha (nossa) arte
não figurar nas grandes galerias,
grandes livrarias, redes televisivas e radiofônicas

É injusto manter o Poeta Edu Planchêz
e sua banda Blake Rimbaud no ostracismo,
lembro de Tonzé dizendo que quando foi descoberto
ao acaso por David Byrne,
estava se preparando para abandonar tudo
e ir trabalhar num posto de gasolina em Irará(...)
Mas vos garanto que não voltarei para São José dos Campos
para mas vez pelas ruas daquela remota cidade
ser vendedor de sorvetes e algodão doce

Não espero a ajuda de nenhum "padrinho",
confio no talento e na força
que está comigo e com meus companheiros de caminho,
e claro, nas pessoas que admiram nosso trabalho

(edu planchêz)

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Heitor Villa Lobos e eu



Heitor Villa Lobo partiu fisicamente desse planeta em 17 de novembro de 1959,
cheguei a esse planeta de corpo e vulto, em 26 de outubro de 1959...
eis a nossa irmandade, ele "morrendo", eu "nascendo"

(edu planchêz)

"Eu não faço música, faço aventuras músicas"





"O povo Brasileiro é metrômo do mundo"( Villa Lobo)

"Eu não faço música, faço aventuras músicas" (Villa Lobo)

Sou mesmo esse monstro marinho imaginado por Ezra Pound




Abrindo a boca, arrasto o sono dos muitos navio,
das muitas naves que se foram em direção ao breu e ao fogaréu,
mas acabaram batendo em minha porta,
dormindo comigo em meus lençóis

Abro a boca e as comportas do mar
que conduziu os homens ao cais e aos abismos
Sou mesmo esse monstro marinho imaginado por Ezra Pound
comendo gigoias e enguias, sereias gelatinosas,
cações e aranhas gigantes vindas das locas
onde se abrigam as alma dos que preferem as entranhas

Sou feito do vento da meia-noite,
das vertiginosas correntes frias
trazidas pelo pássaro que exibe dez cores na cabeça
e o canto mais sublime de toda a grande floresta

Preciso sentar, chorar conversando com a santidade Villa Lobos,
chorar o choro de todos que choram porque eu não paro de chorar
em nome das muitas lágrimas dos que como eu só possuem a roupa do corpo

(edu planchêz)

terça-feira, 2 de agosto de 2011

O "pássaro proibido" come o "fruto proibido"





Tudo é tão simples que a cada pancada do dia que aos pouco nasce
acordo em mim as pequenas criaturas que herdei das frutas
e das sementes amargas

O mar do Recreio dos Bandeirantes salta da tela do cinema inventivo,
toca meus lábios e o céu de minha amada mulher Esmélin,
as avencas plantadas no bonito passado por minha avó Eugênia Planchêz,
os pães que ainda se reviram nos queimantes fornos das padarias

Essa é a sensibilidade do artista,
do homem terrestre que me arrasta
por dentro para os cumes dos montes dourados
de desejarem os nossos olhos e pés inquietos

O "pássaro proibido" come o "fruto proibido"
diante do gentil Lord Rock, diante de Lady Blue

(edu planchêz)

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Rodei vinte uma vezes envolta do baobá





Rodei vinte uma vezes envolta do baobá,
e nada esqueci,
um carrossel de tulipas azuis rodopia
entorno da minha cabeça,
enquanto olhos de leões e leopardos
trazem todas as vozes da África
para os tonéis da tinta
que usei para pintar os lábios no dia em que nasci

No dia em que nasci uma estrela de múltiplas pontas
cruzou o céu de outubro,
escreveu isso minha mãe numa carinhosa carta
nos dias em que quase perdi a consciência
das coisas como assim conhecemos

E eu me debatia nas águas do lamaçal,
e eu me debatia sob os raios pegajosos do sol

Foram histórias dessa existência e outras existências
Foram vivências escritas com as gotas do meu único sangue

(edu planchêz)