segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Eu o que nunca sei o número exato das pontas das estrelas



A memória e as almas de Pitágoras, Platão, Arquimedes, Pascal, Einstein, Galileu e Newton agradecem tudo que Michael Jackson faz nesse agora, nesse monitor televisivo, degustavivo no tempo e fora dele, na vida e na morte, sobre os mais altos raios do sol que não é visto por nenhum olho físico

Eu o que nunca sei o número exato das pontas das estrelas que se cravam em meu peito pela matemática quântica da primeira noite do meu amor e do teu amor, abro a caixa de vidro brindado para que todos os passáros do mundo retornem às florestas e aos jardins, ao brilho sibilante do olhar das crianças

Que corram os dias, as semanas, as décadas, os séculos e os milênios... nunca perderei a coroa de flores de cristal rosa protetora de minha cabeça bonita, coroa essa, tecida por minha mãe ainda menina na brilhante madrugada em que nasci para essa existência argimentada por meu próprio coração e pelo coração do centro harmonioso do logos

Os Maias, os Incas, os Mesopótânios, os habitantes de Ur e de outros lugares, aqui estão nesses dedos rangendo o poema de madeira e ferro sobre as curvaturas desse crânio neanderthal que carrega o cérebro que não é meu nem teu

Poderei numa nave de cera acender aos céus, encontrar Ícaro e Ezequiel, os poderes das nuvens e seus dragões fazedores de vento, as fadas almas de meus ancestrais futuros

(edu planchêz)

CONSTRUTORES DE CABEÇAS





A natureza se vinga, gesta o vento de cem mil pés, arrasta duas mil cidades por segundo
A onda gigante come as pernas e os braços dos continentes
E aquele que apodrece o céu, o mar e a terra
clama inocência

Caixões feitos de dinheiro
cobrem os vastos campos
Minhas lágrimas não irão secar
junto com as nascentes

Tempo de desespero de planetas e homens,
o tiro saiu pela culatra,
nada tem detido a avalanche,
nem deuses, nem internautas

Sou poeta, homem de fé inquebrável,
cavalheiro de infinita esperança
Como Bob Dylan e outros construtores de cabeças
ergo taças de sangue
atirando dardos de coragem
aos que estão perdendo a batalha

O poeta príncipe de metal
acorrenta os cães
dos dentes de estricnina a sua cintura,
arranca do pâncreas das águas o tumor

Ele, o Rei de marfim, sustenta congressos de sóis
nos corredores do intenso
e espalha especiarias orgânicas
dizendo aos seus irmãos que façam o mesmo

Orquídeas imensuráveis precipitam-se
dos furos das pedras e das cavidades vermelhas
alargando pétalas sobre os corpos
das estrelas que esqueceram que são estrelas

(Edu Planchêz)

domingo, 30 de outubro de 2011

mais que nua



(à Celis e Alice Fernandez)










sentado sobre um circulo pousado sobre outros circulos

unidos a outros circulos a se expandirem em projeções infinitas

por circulos nascidos no que sinto,
no que sentes:
radiações celulares de nossos amores,
radiações intra-moleculares
das porcelanas
trazidas pela genese
que gerou Marco Polo
e outros navegantes
dessas placas arquitetônicas em movimento
e em nenhum movimento porque tenho sono


somente a poesia pode tocar nos meandros do alquimia

e tecer com as linhas do mar tenor
a roupa de algas
para usares quando aqui estiveres mais que nua

( edu planchêz)

Jean-Louis Lebris de Kerouac














Jean-Louis Lebris de Kerouac
traz nas estrelas das mãos um livro
de capa espelho
da noite do céu da cidade onde agora estás e estou

E nosso cadilaque vermelho de capota branca

trafega por entre os pés de milho

e chega até a nossa sala de antigamente

Um tapete é feito com as páginas do tal livro

de capa espelho da noite do céu da cidade

para que eu você passemos do inverno para o verão

pisando em poemas transcritos em sanscrito
nos ninhos de nossas peles


Vejamos o que há nas panelas, na cozinha...

Vejamos o que se multiplica sob a sombra
do que pensamos
diante do girassol
colhido entre as locomotivas

por Jean-Louis Lebris de Kerouac e seu amigo lobo


(edu planchêz)

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Ao universo sexual das estrelas submersa









Ao universo sexual das estrelas submersas,

me remeto e te remeto

Essas estrelas seriam moluscos,

carnes crescidas nas coroadas da flor da luz atonal,
harpas de estanho
e magma nos ventos uterinos

da mulher derradeira,
do homem que nunca desiste

(edu planchêz)

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

carnavais baforidos pela benevolencia das estrelas


andei sobre palhas de bananeiras e outras folhagens
contornando séquitos e séquitos de víboras
e caramujos; nuvens de aranhas
e fadas bateram em minha porta no meio do dia,
no meio da madrugada,
durante os festejos e nas entranhas da guerra
(mas ouço o canto do uirapuru de Villa Lobos)

aqui estou, nos veios do mundo,
na caixa que criei para mim mesmo,
no fogão arquitetado pelo meu tempo...

um homem no tempo, um homem sem tempo,
que achava que era mago,
que crava os pés no que é pequeno e no que é grande

eu não sei mesmo nada, piso na terra do sempre,
minhas canções poemas,
às construo,
com batidas imperfeitas

sinto dores em todos os lados
e não sinto dores,
cheguei ao centro das idades
e não cheguei a nenhuma idade,
estou nos carnavais baforidos pela benevolencia das estrelas

(edu planchêz)

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

DIEGO EL KHORI



poeta infernal,
demiurgo e gradiador do novo e do velho aeon,
essa cidade pátria de nelson rodrigues
e cecilia meireles te espera de joelhos

muita cêra de cerebro para queimar,
muitos corações arremeçados nas pedras do que tudo ultrapassa

eu estou aqui na existencia que abrigou Rimbaud e Baudelaire
contemplando as simples montanhas

(edu planchêz)

sábado, 8 de outubro de 2011

domingo, 2 de outubro de 2011

tinta cósmica me cubra, nos cubram


tinta cósmica me cubra, nos cubram,
juro que tento conviver com todos,

mas minha pequenes
ou maior idade
não me oferece tal permissão
juro que tento ser gentil, cortês, educado...
mas chega o momento que preciso radicalizar,

cortar os laços e jogá-los para bem longe


a privacidade de uma pessoa é salutar:

estrelas de dentro de mim mesmo,

quero de volta o silêncio e a solidão,
não me julguem cruel
por não suportar
mas uma pessoa
dividindo comigo o mesmo ar


vou lembra de algumas cenas de Godard

para que esse assunto massante se desvaneça

feito nuvens de borboletas
sobre todos os continentes


eu sou,
somos maiores que todos os assuntos intragáveis

e desumanos que desfilam por nossas casas,

digo, não fecharei as portas do meu lar,
mas terei melhores critérios
da próxima vez que for receber alguém


(edu planchêz)