sexta-feira, 29 de julho de 2011

O dia rasteja sobre o corpo da noite





Chego ao término começo de algo
ainda não muito bem compreendido,
em mutação, em muda, troca de penas e bico,
andei dormindo sobre as escamas de minha própria pele,
sobre os nacos de luz e sombras

Sem estrelas e sem os lábios do vento,
andei dormindo, dormi andando,
ignorando as alturas e as saliências da cidade

Vi rostos e rosto me viram,
me perdi e me encontrei nas respostas, nas perguntas,
nos narizes do tempo sem chuva,
no frio e no sol do horizonte

Esse é o meu poema, esse é o café e o pão,
a fome de não ter dormido,
de querem transpor as vidraças
e os obstáculos naturais de quem está crescendo

Há quilometros ouço o tagarelar do Minuano,
as vozes amarelas dos Andes ,
a cantoria debandada dos besouros...

Reparto o vindouro vinho,
minhas setas e as maçãs...
O dia rasteja sobre o corpo da noite

(edu planchêz)

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